A revolução dos games como entretenimento.
Já se foram décadas quando as
famílias ficavam sossegadas com suas crianças brincando nas calçadas, nas
praças, nas ruas, sem correrem risco algum. Chegaram o vídeos-game e com eles uma modificação substancial na
dinâmica das famílias. As crianças passaram a ficar em casa, assim como os
adolescentes e dedicam parte do seu tempo jogando. Os adultos também passaram a
se dedicar aos jogos eletrônicos com exagero, até o nível de se complicarem em
seus trabalhos, pois os jogos estão à mão através dos celulares.
A indústria dos vídeos-game percebeu
e procurou aperfeiçoar seu lucrativo negócio. Atualmente, seu faturamento
superou a indústria cinematográfica. Atores renomados já se transformaram em
atores de games. No último da série do GTA V, os jogadores atuam atirando em
policiais, roubando pessoas, seqüestram, torturam personagens, para obterem
informações, que lhes permitam encontrar e assassinar outros.
Quando foi lançado, em agosto passado,
foi um enorme sucesso mundial, aliás, o maior da história dos games. Uma
produção de $115 milhões de dólares, incluídos $ 35 milhões de dólares do
marketing. Em apenas um dia a venda atingiu 800 milhões de unidades, o que significa
$13 milhões de dólares, e com previsão de arrecadação de $1,5 bilhões de
dólares. Mas perguntamos a que devemos tudo isso? Em parte a violência que
existe dentro de cada ser humano, posta em prática, mesmo de forma subjetiva e
em forma virtual.
Há um dado muito importante também: a
produção gráfica, com detalhes perfeitos seduz os jogadores. Assemelha-se
segundo a imprensa a grandes produções cinematográfica.
Segundo o The Guardian, “o GTAV é uma paródia
deslumbrante, mas monstruosa da vida moderna” O criador da série Dan Houser,
justificou o sucesso dos jogos da seguinte forma: “Livros contam algo, filmes
mostram algo, mas o game lhes deixa fazer algo”. Segundo ele, “a vida no game
pode ser falsa, mas é o que mais se aproxima de uma obra de arte, e é esse o
nosso apelo.”
O que na verdade está acontecendo é que
baseado numa premissa, os produtores vão aperfeiçoando os mecanismos, cada vez,
para prender os usuários no jogo, assim como fez e continua fazendo a indústria
do tabaco e os traficantes de drogas. As
pessoas começam a jogar e parecem ter compulsão pelo jogo. Ocorre o mesmo
fenômeno cerebral que ocorre com o usuário de cocaína e crack. Uma produção de
Dopamina, uma substância que faz o indivíduo sentir prazer e necessidade de
senti-la constantemente. Daí ficam horas e horas no vídeo-game, a noite
inteira, sem intervalo, e dormindo pela manhã inteira, impedindo à criança e o adolescente de ter
condições para irem à escolar,e até perder o ano escolar, o que tem ocorrido
com frequência. As famílias ficaram até pouco tempo, sem perceber muito que
estava acontecendo. Queixavam-se de que a criança ficava acordada toda, a
noite, sem contudo saber que, a essa altura já havia uma dependência química, formada no cérebro,
da própria substância química, que ele produz, que é a dopamina. A essa altura,
a criança ou adolescente, não tem noção do que lhe ocorre, e pode chegar a ter os
sintomas que são chamados popularmente fissura,
que é a incapacidade de parar de jogar, pela necessidade orgânica de manter o
ritual do jogo, que lhe promove a recompensa prazerosa, que só jogando pode
sentir. Cabe aos pais, terem conhecimento do fenômeno. Procurar participar dos
jogos no início para mostrar às crianças que se pode jogar, com horas definidas,
com critério, que é possível usufruir do entretenimento, contudo, sem ficar
dependente. Participar de lazer, passeios culturais, reuniões com os amigos,
fazer parte do encaminhamento saudável, tão importante nas crianças. Alguns
adultos chegam a perder o emprego, por usarem seus equipamentos de jogos, no
trabalho, ou por muitas faltas freqüentes, também por não terem dormido, à
noite. Muitas vezes é necessário um afastamento e até internações em clínicas
psiquiátricas, para interromper o ciclo, tratar a abstinência. Encaminhar para
uma psicoterapeuta é fundamental. A técnica cognitiva comportamental é a melhor
escolha.